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Psicósmica

24 de setembro de 2012

Simplicidade

A vida de muitas criaturas, além de desvitalizada, é circunstanciada por miudezas dispensáveis, desperdiçada com detalhes desnecessários. A simplicidade traria enormes benefícios para elas, a tiraria do cativeiro dos valores estabelecidos pelas convenções arbitrárias, lhes clarearia a visão e lhes traria mais leveza e tranqüilidade existencial.

Acumular informação sem pensar, se atopetar de pertences, entulhar roupas e abarrotar a casa de coisas supérfluas é uma característica muito difundida na sociedade moderna.

À medida que novos elementos se somam aos bens físicos e intelectuais já adquiridos, passamos a alimentar a compulsão de armazenar ainda mais coisas, levando-nos a agir em função de uma suposta vantagem imediata, sem analisar as utilidades e conseqüências futuras dessa prática. Muitos indivíduos, equivocadamente, associam simplicidade com pobreza, mas existe uma diferença fundamental.

A simplicidade é uma opção de vida tanto do rico como do pobre, enquanto que a pobreza é, por si só, a privação de valores morais, intelectuais e espirituais de um indivíduo, e não necessariamente, a falta de recursos materiais para a sua subsistência. Quando nos livramos de tudo que é inútil e secundário, passamos a tomar consciência do que verdadeiramente temos e do que precisamos. Abrir mão dos trastes, de informações desnecessárias e de objetos em desuso exercita o desapego e facilita-nos a libertação dos ecos do passado. A partir disso, somam-se novas concepções, e as velhas mágoas, as culpas, os ressentimentos, os conflitos se dissipam, habilitando-nos a viver plenamente o momento presente.

Os homens simples se comunicam com sabedoria e humildade, enquanto que os complicados falam com presunção e pedantismo, são enfadonhos e prolixos, por que estão repletos de idéias ultrapassadas; contam e recontam seus discursos e mesmo assim parecem não dizer nada. A simplicidade de alma induz o indivíduo a se expressar com clareza, segurança e objetividade. Capazes de elaborar idéias de forma lógica, coerente e harmoniosa, tais pessoas resumem tudo o que querem dizer por meio de expressões sintéticas.

Quem se apartou da simplicidade vive "na futilidade dos seus pensamentos, com entendimento entenebrecido, alienados da vida de Deus pela sua ignorância", por isso coleciona coisas neuroticamente, acreditando numa ilusória segurança, mas esquecendo que não pode encontrá-la fora de si mesmo, muito menos por trás de um amontoada de conceitos, informações, acessórios e pertences sem serventia.

Buda (Sidarta Gautama) ensinava: "Se você não conseguir em si mesmo, onde irá buscar?" Muita coisa no mundo da erudição é tida como formação cultural, quando, na verdade, nada mais é do que entulho intelectual.

Aquele que ignora seu "nível de necessidade" legítimo, determinado por sua realidade profunda, vive sobrecarregado pelo peso da repressão sociocultural, se distancia da simplicidade. Abrir mão de posses desnecessárias é ir ao encontro de uma vida pacífica e harmoniosa.

Muitas criaturas se abarrotam impensadamente das instruções obtidas nos jornais, na televisão, nas salas de aula, nos livros, como sendo verdades absolutas. Essas informações podem muito nos ajudar, desde que não as elejamos como a verdade. A verdade não está na conceituação das palavras ou textos que lemos, mas nas experiências que podemos ter com ela, e a partir dela.

As vozes inspirativas da alma são providas de síntese e simplicidade, que a Vida Providencial murmura em nossa intimidade. A simplicidade consiste em não ficar distante do que é natural e espontâneo, uma vez que aqueles que se afastam dela ficam "com entendimento entenebrecido" e "alienados da vida de Deus".

Referência: Um Modo de Entender: Uma Nova Forma de Viver, de Francisco do Espírito Santo Neto (espírito Hammed) 



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